Ejaculação retardada

O problema pode ter diversas origens e prejudica a vida sexual do casal

Meu namorado tem 27 anos e um probleminha que muitas mulheres achariam um ganho: ele demora muito para gozar. O excesso de penetração acaba machucando e isso definitivamente não tem nada a ver com boa performance. Acabo ficando frustrada, achando que não estou sendo boa na cama. Às vezes ele goza no final, outras vezes cansa e para depois que eu gozei. Isso pode ser uma doença?

A demora em ejacular pode ser ocasionada pela falta de estímulo erótico, pouco desejo sexual ou atração diminuída pela parceira. O estresse e a desarmonia na relação também contribuem. No entanto, excluídas tais possibilidades e qualquer outra de caráter médico, a demora persistente em ejacular se caracteriza como uma disfunção sexual denominada “ejaculação retardada”.

Como o problema se manifesta varia bastante, desde a dificuldade para ejacular dentro da vagina até a ausência total do orgasmo. Alguns homens, inclusive, só conseguem gozar utilizando a masturbação ou o sexo oral. A expectativa na hora do coito gera muita ansiedade, e isso dificulta ainda mais a ejaculação. Frustação e autoestima baixa são comuns em homens com esse tipo de problema.

De acordo com Théo Lerner, médico ginecologista e terapeuta sexual, as causas orgânicas são raras. “Geralmente estão associadas a patologias ou condições que prejudiquem o funcionamento dos nervos autonômicos responsáveis pelo reflexo ejaculatório, tais como: lesões da medula espinhal, cirurgias na próstata, na bexiga ou no retroperitônio, esclerose múltipla, entre outros”. Ele conta ainda que diversas drogas podem interferir nestes circuitos: “Principalmente antidepressivos, antihipertensivos e substâncias com ação no sistema nervoso central”.

Porém, na maioria das vezes, a ejaculação retardada tem origem psicológica, revelando culpas relacionadas ao sexo, medos, inseguranças, preocupação com o desempenho sexual, conflitos inconscientes, problemas com a figura feminina ou traumas. Outro fator a ser levado em conta é o treino inadequado de masturbação na adolescência. O rapaz que exerce grande pressão no pênis para ejacular pode definir um padrão de estímulo “equivocado” capaz de provocar o gozo. Depois, diante de um estímulo com menor pressão, como é o caso a vagina, a resposta ejaculatória pode demorar ou não acontecer.

O problema atinge o casal, não só o homem, e por isso a leitora se diz preocupada, colocando em dúvida o seu próprio desempenho sexual. Outras mulheres apresentam iguais sentimentos, incômodos e dores devido ao longo tempo de atrito e secura vaginal pela perda da excitação. Muitas não se sentem atraentes ou desejadas. É comum assumirem intimamente a responsabilidade pela performance frustrante do parceiro, um engano.

A boa notícia é que esse problema pode ser resolvido com a terapia sexual a partir de técnicas de dessensibilização sistemática, quebra de crenças, ideias e emoções que impedem a obtenção do prazer. Mas antes, uma avaliação com o urologista é necessária para descartar qualquer problema de ordem orgânica.