“Já não fazemos tanto sexo quanto antigamente. Como recuperar o desejo?”

Sexóloga e colunista do Delas, Fátima Protti responde dúvida de leitora que quer recuperar a intensidade do desejo sexual

“Fátima, li seus dois artigos sobre ela e ele não sentirem desejo ou tesão após algum tempo de casados. Eu e meu marido vamos colocar algumas de suas dicas em prática. Mas se o tesão da época do namoro não voltar, o que devo fazer? Tenho 15 anos de casada, nos amamos, somos parceiros, cúmplices, gostamos da nossa vida juntos e quando transamos é muito bom”.

 

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Oscilações na intensidade do desejo ao longo de um relacionamento extenso são normais

Cara leitora, resgatar o tesão da época do namoro é impossível. Afinal, vocês estão em outro momento pessoal e relacional. A novidade, a idealização da relação, a ideia de ter encontrado a pessoa perfeita ficaram no passado. Mas vocês construíram elementos importantes nesse relacionamento: cumplicidade, companheirismo e um bom sexo. Além disso, creio que há o respeito e a gentileza, e tudo faz parte da sedução.

O tesão é a excitação sexual, a vontade de fazer sexo com alguém. Nos primeiros anos de namoro ele aparece só de pensarmos na pessoa amada. Tudo é excitante, intenso, as preliminares começam com as fantasias e os casais chegam para o encontro aquecidos sexualmente.

Porém, com o tempo, o fogo que se acendia rapidamente perde a potência e precisa de mais estímulos. Para alguns casais essa queda começa no namoro. Para outros, após dois ou três anos de união, ou com o passar dos anos.

 

fatima-prottiSão vários os fatores na lista de justificativas para que isso aconteça. Tem se falado da fidelidade como um dos vilões para a queda do desejo e do tesão. Mas conheço casais com o mesmo problema cuja união é aberta para o sexo com outras pessoas. Em outros casos, o tesão nem sempre é pelo parceiro, mas pela dinâmica sexual com outros (as) parceiros (as).

A perda do tesão é uma queixa constante no universo feminino. Um dos problemas está na diferença da educação de homens e mulheres. A sexualidade feminina ainda está carregada de tabus, preconceitos e normas que inibem sua expressão.

A sexualidade feminina ainda está carregada de tabus, preconceitos e normas que inibem sua expressão

Para manter um nível de excitação entre o casal, é preciso seduzir. E a sedução pode aparecer em um gesto, uma frase, no cuidado e até no jeito de lidar com uma situação. Porém, vamos para o casamento com a certeza de que a conquista inicial permanece para sempre. O olhar para o outro, que requer atenção, e a sedução que precisa de um investimento contínuo ficam lá atrás.

Você não sente mais aquele tesão da fase de namoro, mas quando faz amor o sexo é prazeroso e muito bom. Esqueça a comparação, curta esse presente que é bom e pode ficar melhor.

Fátima Protti é psicóloga, terapeuta sexual e de casal. Pós-graduada pela USP e autora do livro “Vaginismo, quem cala nem sempre consente”. Escreva para a colunista:

 
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